terça-feira, 12 de novembro de 2019

A mensagem - 81




Na manhã do dia 12 de Outubro de 2019, não sem razão, eu acordava para o dia num perfeito desespero. A minha instabilidade emocional reflectia-se em todo o meu ser, dos pés à cabeça, dentro e fora de mim. Tudo era uma negação aflitiva e eu não tinha a menor ideia dos passos que deveria dar. Toda eu era mal estar. Um mal estar profundo e verdadeiramente infernal, que eu não queria e não estava a conseguir aceitar. Apetecia-me gritar, pedir socorro, inventar alguém que me ajudasse porque eu não sabia mesmo o que fazer. Fui à cozinha e peguei um ansiolítico muito fraco, porque não estou habituada a tomar coisas fortes. Tomei, mas a confusão continuava banhando e revirando todo o meu cérebro, todo o meu ser. Passado pouco tempo voltei à cozinha e tirei metade de um outro, que continuava a ser muito pouco para o estado de desequilíbrio em que me encontrava. 

Os problemas que me atormentavam parecia que não tinham solução e o meu mundo desmoronava. Não seria a primeira vez que tinha essa sensação, pois durante os meus 67 anos de vida perdi a conta de quantas vezes o mundo desmoronou à minha volta. E na verdade já devia estar habituada. Mas não. De todas as vezes que isso acontece é como se fosse a primeira vez. Eu não queria estar onde estava e não queria ser eu. Pensei nas tragédias que vão por esse mundo fora, nos problemas complicadíssimos que cada um enfrenta neste mundo e racionalmente conseguia perceber que o que me estava a acontecer era quase normal, vulgar, comum, considerando que nada na vida é perfeito e que o caminho de todos nós está destinado a enfrentar barreiras, pois é para isso que cá estamos. E enquanto o meu lado espiritual apelava fortemente para manter a calma necessária e dar tempo ao tempo, na verdade o meu lado emocional estava completamente destroçado, sem ponta por onde pegar. Eu sentia-me mal, muito mal e completamente sozinha e esquecida. Mas pior do que tudo, tinha a perfeita noção de que estava “perdida”. Perdida no meio de uma inesgotável angústia e de uma tristeza sem fim. O mal não me dava tréguas. 

Aquela manhã ficaria na história, na história da minha vida, devidamente marcada e registada. Peguei no telemóvel e escrevi: “Família, estou no limite. Amo todos vocês do fundo do meu coração. Recebam um beijo com muita luz e muita paz, o que eu não consigo para mim. Adeus”. 

Isto era muito mais do que uma mensagem. Era um grito de aflição. Um pedido de socorro que eu não tinha outra forma de expressar. A única coisa que eu sabia é que queria, precisava urgentemente de me retirar do sufoco em que estava, de me evadir por qualquer acto de magia, de me subtrair ao sofrimento que sentia e em relação ao qual não podia fazer nada, porque era um problema intrinsecamente ligado à alma humana e para o qual eu não tinha solução. 

Esta mensagem que foi intencionalmente enviada a todos os meus irmãos, foi recebida da pior maneira possível simplesmente porque foi muito mal interpretada. Eu precisava, na verdade, que percebessem o quanto eu estava em sofrimento, mas mais do que tudo era uma informação de que no fundo do meu eu, estava a retirar-me da agitação da vida para me isolar por completo e encontrar novamente o meu eu. E mais ainda, era um urgente pedido ao universo familiar presente e ausente, já que em princípio ninguém poderia fazer nada. Assim, esta mensagem saiu efectivamente dos escombros do meu eu, do fundo da aflição da minha alma cansada de sofrimento. Esta mensagem, que foi mais forte do que eu, chegou a todos os destinatários a quem era dirigida, mas foi ainda mais longe, bem mais longe do que isso, ultrapassando os limites do tangível. A força da sua natureza fez com que atravessasse a barreira do limiar e atingisse o inacessível. 

Não sei se fiz bem ou se fiz mal, mas sei que fiz o que tive que fazer e bem ou mal não me arrependo. Não me arrependo mesmo. Sou humana. Como qualquer um, estou sujeita a erros. Não me orgulho disso mas também não me envergonho. E neste caso reconheço que o sofrimento me transcendeu e me venceu. Mas não completamente, não na totalidade do meu ser. Por isso enviei a mensagem. Foi um acto consciente, talvez pertinente, mas no qual estavam presentes todas as forças que ainda me restavam. E então o inusitado aconteceu. O inesperado teve lugar. 

No dia 11 do 11, Hermés, esse deus da mitologia consagrado no planeta Mercúrio, fez uma trajectória fenomenal, e cruzando a Terra e o Sol, absorveu o meu grito de socorro, deu ouvidos à minha mensagem e de posse de todas as suas faculdades e poderes inacessíveis à humanidade, da maneira mais nobre e surpreendente deu-se ao trabalho de acabar com o meu sofrimento. Em resposta à minha mensagem, através do poder da comunicação e da dinâmica da sua sublime sabedoria, enviava-me a ajuda necessária que se manifestou na forma mais bela e generosa, cristalizando-se, dando-lhe a forma humana, que conseguiu complementar o meu eu mais profundo, devolvendo-me a paz, a harmonia e o amor. 

E uma vez mais, a vida estava de volta!