Nas suas diversas vertentes o fator telepático tem-me
acompanhado toda a vida. Desde criança que percebo as coisas e sinto a vida com
uma intensidade e uma vibração mais forte do que a maioria das pessoas em
geral. Mas também é verdade que ao longo do meu caminho encontrei pessoas como
eu e foram elas que serviram de referência e de ajuste na minha sintonia com a
vida. Elas foram estando aqui e ali, nos locais certos, à hora exata, para
restabelecer o meu equilíbrio, do mesmo jeito que eu servi de
sinalização para outros quantos, que precisaram do mesmo que eu.
E tudo se harmoniza. O puzzle vai-se construindo com um pouco de
cada um de nós. É como se déssemos as mãos e fizéssemos uma roda virtual, sem
começo nem fim.
A telepatia é a linguagem universal que liga tudo e todos.
É onde todos nos encontramos livres do tempo e da matéria.
É onde a liberdade se define indefinida.
Eu sempre quis ser uma pessoa normal. Isto, porque sempre soube
que algo de transcendente havia em mim. Algo um pouco diferente do comum.
Um estado mais elevado, talvez... uma consciência mais profunda...
um contacto de maior afinidade... uma visão mais limpa, uma ligação mais
atenta, talvez...
E o que isso tem de transcendente é que nem todos se situam nesta
frequência.
Mas eu sempre rejeitava e pedia a Deus que me fizesse uma
pessoa comum. Eu só queria ser como os outros, que só viam o que todos viam, ou
seja, o que estava lá, o que era visível e nada mais. Eu tinha medo das consequências, quaisquer
que elas fossem, boas ou más, vinha tudo do mesmo saco e eu tinha medo. Eu não
queria. Levei a minha adolescência a debater-me comigo mesma, nesta luta de não
aceitação do que eu era. Porque, se às vezes era um benefício, outras vezes era
um pesadelo. E eu lá.
Hoje vejo as coisas de uma maneira diferente. Entre o benefício e
o pesadelo ficou o benefício, que considero uma dádiva. Com o tempo a vida
ensinou-me que aprendemos com as dificuldades, com as contrariedades, com todo
o tipo de barreiras. Elas estão no nosso caminho para nos ensinar a viver.
Assim, em vez de achar pesadelos, passei a considerar um aprendizado, por isso se tornou um verdadeiro benefício. Hoje dou
graças à vida por ser quem sou e acredito que sou uma pessoa normal.
Nós não temos a noção do poder a que podemos aceder, nem como usá-lo a nosso favor. É isso que me leva a crer que as coisas que se passam comigo não
fazem de mim uma pessoa "anormal". Quando começamos a ter
consciência, a intuição ganha uma nova dimensão, ampliando-se, fazendo-nos ver
a vida numa perspetiva diferente. A consciência confronta-nos com a
verdade. O controle emocional passa por ativar a sensação e respeitar a
intuição, pois é ela que nos conduz à origem de tudo. Conviver com essa
realidade faz-nos mais felizes, na medida em que nos tornamos mais
completos. A intuição tem um poder inestimável e hoje eu sei que rejeitar
as nossas sensações e abdicar da intuição é retroceder. É dizer "não"
à natural evolução do espírito.
A minha relação com o mundo e com os homens sempre foi uma relação
forte e a minha relação com "deus" - o sobrenatural -, muito intensa. Isto é
mais do que uma afirmação. É uma intuição. E a intuição é o sensor mais próximo
da verdade, que conheço, quando estamos em sintonia cósmica. Não quer isto
dizer que tenha sido fácil. Nessa força e nessa intensidade, deparei-me com
muitas dificuldades.
Tive uma educação católica, apostólica romana e se por um lado
teve coisas positivas, por outro, atrasou muito a minha evolução
espiritual. Na minha infância segui caminhos ditados por outros: a
família, naturalmente, mas havia perguntas às quais ninguém respondia e
respostas a quem ninguém dava ouvidos. Sempre precisei de mais. Na minha tenra
idade de seis, sete anos, não me contentava com o que me queriam ensinar. No meu
íntimo, sabia que havia uma outra história, uma outra verdade. Lembro-me
de uma vez ter confrontado uma freira, catequista, sobre como seriam as
"Bíblias" dos outros mundos, dos outros planetas e ela me ter
respondido que só havia este mundo. Claro que a questão da "bíblia"
não é relevante, já a resposta dela é assaz pertinente, por isso a minha
credibilidade em relação a ela caiu imediatamente por terra. E eu ficava muito
triste e até indignada com coisas desta natureza.
Mais tarde, já na adolescência, saciei a minha sede em livros que
encontrei, esquecidos, nas estantes lá de casa. Livros que pertenciam a um tio.
Eles estavam lá à disposição de todos, mas ninguém me tinha falado deles e eu
nunca tinha visto nada igual. Mas o que vinha deles era bom para mim, para as
minhas dúvidas, receios e carências de toda a ordem. À medida que os lia o meu
fascínio aumentava. Abriam-se finalmente as janelas, os cortinados e
definitivamente, a luz que ninguém me tinha mostrado e, sobretudo, que tinha
desaparecido completamente da minha vida, desde os meus dez anos de idade,
aquando da morte da minha mãe. Essa luz, que tanta falta me fazia, voltava por si mesma, numa outra dimensão,
dando-me notícias de um mundo novo e eu não entendia porque toda a gente
ignorava aquilo que estava ali ao alcance de todos. O facto é que ninguém
valorizava, porque se perdiam em caminhos já muito velhos, cheios de pó,
percorridos pelos antepassados e que não tinham levado ninguém a lado nenhum.
Mas tinham um nome e era importante preservar - tradição.
Hoje eu sei e posso dizer que aqueles livros foram os responsáveis
por toda a minha caminhada e representam praticamente a totalidade daquilo que
sou, porque são a minha filosofia de vida - YOGA.
O que eu pretendo neste blogue não é contar a história da minha vida. Na vida das
pessoas anónimas como eu, em que o decurso da vida é um quotidiano equiparável
ao da maioria dos comuns mortais deste mundo, há episódios que se destacam
naturalmente, pela força das suas cores ou pela originalidade das suas
tonalidades. As Cores profundas do Oriente são uma herança espiritual, que
me proporciona uma mágica empatia com a vida, pessoas e
acontecimentos. Acontecimentos que, podendo até ter escapado aos outros,
para mim foram marcantes. Os meus sentidos apuraram e registaram com mais calor,
com mais sensibilidade ou simplesmente, com mais verdade. Uns mais
transcendentes do que outros, sem dúvida.
A telepatia é a transmissão do pensamento. Mas não é só isso. É a
manifestação da vontade. Ninguém está só. Formamos um todo e esse todo comunica
de forma consciente e inconsciente. Estamos constantemente a trocar informação
na forma de comunicação.
Comunicar é estabelecer laços de vida, é marcar presença, é
assinalar a existência.
Quando a comunicação se faz sem palavras, usando apenas o pensamento,
estamos na presença da telepatia e isso é acessível a toda a gente,
independentemente de quem é, de onde está e do que quer transmitir. Não existe
barreira alguma. Qualquer ser pode comunicar telepaticamente com o mundo
inteiro, visível ou não visível, humanos ou não, encarnados ou desencarnados,
animais, plantas, qualquer que seja a forma de ADN ou a sua origem e composição
genética.
A telepatia interage no cosmos de forma absoluta. Mundos e
submundos estão infinitamente ligados.
Nada se perde na poeira cósmica.
No mundo físico em que habitamos podem falhar todas as
possibilidades de comunicação: telefones, telemóveis, Internet, etc..., mas
quando isso acontecer ainda nos resta a telepatia.
A telepatia não tem custos, não paga impostos e está sempre
disponível. E quanto mais uso se faz dela, mais ela se propaga. Não tem que ser
poupada, porque não corre o risco de se gastar.
No caos, ela terá um papel preponderante e à medida que o homem
utilizar a inteligência na sua frequência mais elevada e o espírito for
evoluindo, ela assumirá a sua expressão máxima - liberdade.
As coisas às vezes são tão fáceis, tão simples, que temos dificuldade em
aceitá-las. Às vezes estão ali mesmo na nossa frente, sem ser preciso nenhum
esforço para lá chegar ou para entender. Basta dizer sim e seguir adiante. Nem
sequer fomos postos à prova para acreditar e parece que é quando menos as vemos
e quando menos as aceitamos. As dúvidas e os receios abafam-nos completamente.
Faz parte de uma educação decadente, que tudo nesta vida é ganho
com esforço. Por isso passamos a vida a lutar para ter e para ser. Mas a vida
dá-nos muitos presentes. A própria vida já é um enorme presente. Quando
nos daremos conta dessa divina oferta!?
A perfeição
é o conjunto de todas as imperfeições.
A perfeição
é aceitar os outros como são.