segunda-feira, 6 de julho de 2009

A telepatia - 2


Nas suas diversas vertentes o fator telepático tem-me acompanhado toda a vida. Desde criança que percebo as coisas e sinto a vida com uma intensidade e uma vibração mais forte do que a maioria das pessoas em geral. Mas também é verdade que ao longo do meu caminho encontrei pessoas como eu e foram elas que serviram de referência e de ajuste na minha sintonia com a vida. Elas foram estando aqui e ali, nos locais certos, à hora exata, para restabelecer o meu equilíbrio, do mesmo jeito que eu servi de sinalização para outros quantos, que precisaram do mesmo que eu.

E tudo se harmoniza. O puzzle vai-se construindo com um pouco de cada um de nós. É como se déssemos as mãos e fizéssemos uma roda virtual, sem começo nem fim. 

A telepatia é a linguagem universal que liga tudo e todos.

É onde todos nos encontramos livres do tempo e da matéria.

É onde a liberdade se define indefinida. 

Eu sempre quis ser uma pessoa normal. Isto, porque sempre soube que algo de transcendente havia em mim. Algo um pouco diferente do comum. 

Um estado mais elevado, talvez... uma consciência mais profunda... um contacto de maior afinidade... uma visão mais limpa, uma ligação mais atenta, talvez... 

E o que isso tem de transcendente é que nem todos se situam nesta frequência. 

Mas eu sempre rejeitava e pedia a Deus que me fizesse uma pessoa comum. Eu só queria ser como os outros, que só viam o que todos viam, ou seja, o que estava lá, o que era visível e nada mais. Eu tinha medo das consequências, quaisquer que elas fossem, boas ou más, vinha tudo do mesmo saco e eu tinha medo. Eu não queria. Levei a minha adolescência a debater-me comigo mesma, nesta luta de não aceitação do que eu era. Porque, se às vezes era um benefício, outras vezes era um pesadelo. E eu lá. 

Hoje vejo as coisas de uma maneira diferente. Entre o benefício e o pesadelo ficou o benefício, que considero uma dádiva. Com o tempo a vida ensinou-me que aprendemos com as dificuldades, com as contrariedades, com todo o tipo de barreiras. Elas estão no nosso caminho para nos ensinar a viver. Assim, em vez de achar pesadelos, passei a considerar um aprendizado, por isso se tornou um verdadeiro benefício. Hoje dou graças à vida por ser quem sou e acredito que sou uma pessoa normal.

Nós não temos a noção do poder a que podemos aceder, nem como usá-lo a nosso favor. É isso que me leva a crer que as coisas que se passam comigo não fazem de mim uma pessoa "anormal". Quando começamos a ter consciência, a intuição ganha uma nova dimensão, ampliando-se, fazendo-nos ver a vida numa perspetiva diferente. A consciência confronta-nos com a verdade. O controle emocional passa por ativar a sensação e respeitar a intuição, pois é ela que nos conduz à origem de tudo. Conviver com essa realidade faz-nos mais felizes, na medida em que nos tornamos mais completos. A intuição tem um poder inestimável e hoje eu sei que rejeitar as nossas sensações e abdicar da intuição é retroceder. É dizer "não" à natural evolução do espírito. 

A minha relação com o mundo e com os homens sempre foi uma relação forte e a minha relação com "deus" - o sobrenatural -, muito intensa. Isto é mais do que uma afirmação. É uma intuição. E a intuição é o sensor mais próximo da verdade, que conheço, quando estamos em sintonia cósmica. Não quer isto dizer que tenha sido fácil. Nessa força e nessa intensidade, deparei-me com muitas dificuldades. 

Tive uma educação católica, apostólica romana e se por um lado teve coisas positivas, por outro, atrasou muito a minha evolução espiritual. Na minha infância segui caminhos ditados por outros: a família, naturalmente, mas havia perguntas às quais ninguém respondia e respostas a quem ninguém dava ouvidos. Sempre precisei de mais. Na minha tenra idade de seis, sete anos, não me contentava com o que me queriam ensinar. No meu íntimo, sabia que havia uma outra história, uma outra verdade. Lembro-me de uma vez ter confrontado uma freira, catequista, sobre como seriam as "Bíblias" dos outros mundos, dos outros planetas e ela me ter respondido que só havia este mundo. Claro que a questão da "bíblia" não é relevante, já a resposta dela é assaz pertinente, por isso a minha credibilidade em relação a ela caiu imediatamente por terra. E eu ficava muito triste e até indignada com coisas desta natureza.  

Mais tarde, já na adolescência, saciei a minha sede em livros que encontrei, esquecidos, nas estantes lá de casa. Livros que pertenciam a um tio. Eles estavam lá à disposição de todos, mas ninguém me tinha falado deles e eu nunca tinha visto nada igual. Mas o que vinha deles era bom para mim, para as minhas dúvidas, receios e carências de toda a ordem. À medida que os lia o meu fascínio aumentava. Abriam-se finalmente as janelas, os cortinados e definitivamente, a luz que ninguém me tinha mostrado e, sobretudo, que tinha desaparecido completamente da minha vida, desde os meus dez anos de idade, aquando da morte da minha mãe. Essa luz, que tanta falta me fazia, voltava por si mesma, numa outra dimensão, dando-me notícias de um mundo novo e eu não entendia porque toda a gente ignorava aquilo que estava ali ao alcance de todos. O facto é que ninguém valorizava, porque se perdiam em caminhos já muito velhos, cheios de pó, percorridos pelos antepassados e que não tinham levado ninguém a lado nenhum. Mas tinham um nome e era importante preservar - tradição.  

Hoje eu sei e posso dizer que aqueles livros foram os responsáveis por toda a minha caminhada e representam praticamente a totalidade daquilo que sou, porque são a minha filosofia de vida - YOGA.

O que eu pretendo neste blogue não é contar a história da minha vida. Na vida das pessoas anónimas como eu, em que o decurso da vida é um quotidiano equiparável ao da maioria dos comuns mortais deste mundo, há episódios que se destacam naturalmente, pela força das suas cores ou pela originalidade das suas tonalidades. As Cores profundas do Oriente são uma herança espiritual, que me proporciona uma mágica empatia com a vida, pessoas e acontecimentos. Acontecimentos que, podendo até ter escapado aos outros, para mim foram marcantes. Os meus sentidos apuraram e registaram com mais calor, com mais sensibilidade ou simplesmente, com mais verdade. Uns mais transcendentes do que outros, sem dúvida. 

A telepatia é a transmissão do pensamento. Mas não é só isso. É a manifestação da vontade. Ninguém está só. Formamos um todo e esse todo comunica de forma consciente e inconsciente. Estamos constantemente a trocar informação na forma de comunicação. 

Comunicar é estabelecer laços de vida, é marcar presença, é assinalar a existência. 

Quando a comunicação se faz sem palavras, usando apenas o pensamento, estamos na presença da telepatia e isso é acessível a toda a gente, independentemente de quem é, de onde está e do que quer transmitir. Não existe barreira alguma. Qualquer ser pode comunicar telepaticamente com o mundo inteiro, visível ou não visível, humanos ou não, encarnados ou desencarnados, animais, plantas, qualquer que seja a forma de ADN ou a sua origem e composição genética. 

A telepatia interage no cosmos de forma absoluta. Mundos e submundos estão infinitamente ligados.  

Nada se perde na poeira cósmica.  

No mundo físico em que habitamos podem falhar todas as possibilidades de comunicação: telefones, telemóveis, Internet, etc..., mas quando isso acontecer ainda nos resta a telepatia. 

A telepatia não tem custos, não paga impostos e está sempre disponível. E quanto mais uso se faz dela, mais ela se propaga. Não tem que ser poupada, porque não corre o risco de se gastar. 

No caos, ela terá um papel preponderante e à medida que o homem utilizar a inteligência na sua frequência mais elevada e o espírito for evoluindo, ela assumirá a sua expressão máxima - liberdade.

As coisas às vezes são tão fáceis, tão simples, que temos dificuldade em aceitá-las. Às vezes estão ali mesmo na nossa frente, sem ser preciso nenhum esforço para lá chegar ou para entender. Basta dizer sim e seguir adiante. Nem sequer fomos postos à prova para acreditar e parece que é quando menos as vemos e quando menos as aceitamos. As dúvidas e os receios abafam-nos completamente. 

Faz parte de uma educação decadente, que tudo nesta vida é ganho com esforço. Por isso passamos a vida a lutar para ter e para ser. Mas a vida dá-nos muitos presentes. A própria vida já é um enorme presente. Quando nos daremos conta dessa divina oferta!? 

A perfeição

é o conjunto de todas as imperfeições. 

A perfeição

é aceitar os outros como são.


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