sábado, 2 de fevereiro de 2013

"Alice no País do Quantum" - 40



Para muita gente não existem coincidências. É claro que elas existem, a questão está na maneira somo são interpretadas. 

Eu tinha acabado de ler um mail que alguém especial me tinha enviado e estava fascinada com as palavras que me eram dedicadas, bem como com a apreciação a meu respeito. Era uma espantosa declaração de amor, que me tinha deixado bastante emocionada. 

E achei que tinha que retribuir na mesma moeda; afinal, amor com amor se paga. Assim, no meio de um turbilhão de pensamentos, o cérebro tentava dar resposta à mente, confusa de emoção, mas não me vinha nada que me satisfizesse, até que, de repente, surgiram laivos de um poema que tinha escrito há muito tempo. Não fazia ideia quanto, mas sabia que o tinha escrito há muito anos atrás. 

Achando que ali estava a resposta, abri o arquivo do meu livro de poesia, que contém todos os poemas que escrevi ao longo de quarenta anos e fui buscar o poema que tem por título "No Silêncio".

Li e reli e encontrei nele as palavras certas, o sentimento que me afluía, a emoção que por mim passava. De tal forma, que nem me dei ao trabalho de ver outros, para o caso de se adequarem mais à circunstância. Era aquele que me tinha vindo à ideia e era aquele que exprimia exactamente o momento e a situação actual.
 

Achei curioso, espantoso, mas entendi que a poesia é fruto de sentimentos expressos sempre de maneira diferente. Nada se repete. Podem repetir-se as situações ou os acontecimentos, as histórias ou os amores, mas só na aparência, porque a origem nunca mais será a mesma. Ela é prisioneira do tempo e o tempo nunca é o mesmo.

Peguei então no poema e com um copy past coloquei-o no mail de resposta. E como sempre, deixei o registo da data, verificando que o tinha escrito no dia 29.01.1992 o que, para 2013, fazia vinte e um anos. Vinte e um anos é muito tempo! E dei comigo de regresso ao passado, ao mesmo tempo que me lembrei de um pormenor interessante. Há vinte e um anos atrás, depois de o ter escrito, pensei muito na razão de me ter saído aquilo, aquelas palavras, aquela composição poética. Perguntei-me a mim mesma porque o tinha escrito e para quem, mas a pergunta caía no vazio, porque não havia resposta. Saíra, simplesmente, e aparentemente sem fazer muito sentido. Mas a poesia, fruto do inconsciente, é assim mesmo, não tem data nem hora marcada. 

Assolou-me então uma questão pertinente. Seria justo, seria verdadeiro, responder com um poema que não tinha sido feito para aquela ocasião, ainda que fosse mencionada a data? Mas era aí que estava a essência da coisa, a origem de tudo. 

Mergulhada nesta dúvida, pensei comigo mesma, "que dia é hoje"? Era exactamente 29.01, mas com vinte e um anos em cima. Não sei porquê, fiquei mais aliviada, achei que aquela coincidência já não era assim uma simples coincidência, mas um sinal de que estava a fazer a coisa certa. Exactamente no mesmo dia, eu nem queria acreditar. Era espantoso! Voltei a pensar na questão de não ter um motivo para o ter escrito há vinte anos atrás e não ter a quem ter sido dedicado. De facto, lembro-me perfeitamente de sempre me ter interrogado a esse respeito. Porquê? Para quem? 

E aí, fez-se luz. Não tinha sido por um acaso qualquer que a minha mente o tinha ido buscar. Há vinte anos atrás, a vinte e nove de Janeiro, aconteceu uma coisa espectacular, um chamado salto quântico, em consequência de um desfasamento entre a mente e o espírito. E esse salto equivaleu a um percurso preciso de vinte e um anos, nem um dia a mais, nem um dia a menos. Durante vinte e um anos a minha mente ficou à espera da resposta que o espírito tão bem sabia. Aquele presente/tempo já existia no futuro, ou seja, já estava traçado, mas só agora se fazia presente no tempo. Ele aí estava finalmente encaixado no puzzle da vida. Mais uma vez, passado presente e futuro são um só. 

Estas coisas não são tão transcendentes assim. Elas acontecem com muito mais frequência do que aquilo que se possa imaginar. A questão é que nos passam despercebidas, porque não lidamos com os assuntos de ordem espiritual, muito menos com a física quântica. Todo o nosso trabalho psíquico é de ordem racional e sempre com base na matéria, caso contrário, não é aceite com credibilidade na nossa mente, na nossa vida, no nosso mundo. 

A mente tem um enorme trabalho a fazer, porque está habituada a condicionar tudo. Isso limita a acção do espírito e mantém-nos eternamente aprisionados e incapazes de alcançar patamares mais elevados e chegar a respostas que nos faltam, vindas de todos os lados. Talvez as nossas vidas tivessem mais sentido se prestássemos mais atenção à nossa volta e, especialmente, se fôssemos mais livres de espírito. 

A "Alice do País das Maravilhas" é hoje bem mais poderosa. Hoje, ela é "Alice no País do Quantum".

Havia uma jovem corajosa

Que viajava mais depressa do que a luz.

Um dia ela partiu

Pelo caminho destinado

E só regressou na noite anterior. 

 

 

“Breve História do Tempo” (Stephen Hawking)

 

   

1 comentário:

  1. Adorei!!! Que situaçao interessante! eu também acredito muito nas coincidências da vida e nao acho que sao totalmente por acaso. E quando se trata de pessoas que cruzam o nosso caminho, acredito mais ainda que existe um porque. e fico feliz que, por alguma razao que ainda nao sei qual, a vida tenha os aproximado. beijo grande, Tati

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