segunda-feira, 12 de abril de 2010

No Brasil - 18


Eu estava de férias no Brasil, com a Lúcia, minha colega e amiga, mais propriamente em Natal, RN, onde estava previsto passarmos quase quatro semanas de boa vida. A ideia era passarmos o Fim-de-Ano na praia, como é da tradição e ficarmos por lá, curtindo o sol, as águas e tudo o mais. 

Foi óptimo, correu tudo bem, divertimo-nos muito, enfim, foi tudo como prevíamos e queríamos que acontecesse. Talvez até tenha excedido as nossas expectativas. Contudo, uns dias antes do regresso, comecei a sentir-me muito inquieta. Sentia uma aflição e não sabia qual a razão. Aparentemente não havia motivo. O Henrique tinha ficado com o pai e já não era criança. Eu falava com eles com frequência e não havia notícias de algo de anormal. Mas que eu estava mal, estava. Tinha-se apoderado de mim uma estranha ansiedade que me fazia querer regressar o mais depressa possível.  

Depois das quase três semanas que ali tínhamos passado em beleza, era uma atitude muito estranha e incoerente da minha parte. O facto é que eu não sabia como explicar a necessidade que de repente sentia de regressar. Não tinha como me justificar mas eu queria voltar, nem que fosse a nado. Eu não estava bem e todo o tempo pensava no meu filho. Dominava-me uma grande aflição que não me dava sossego e me impelia a voltar para junto dele. 

Assim, contei à Lúcia tudo o que estava a sentir e falei do problema tal qual ele se apresentava, correndo o risco de não ser entendida, mas fui em frente. Queria confirmar as passagens e se possível anteceder as datas. Mesmo que fosse um ou dois dias já ficava mais sossegada e fomos aos balcões da TAP. 

Primeiro, as datas do regresso tinham sido automaticamente desmarcadas dado que, na ida, aconteceu uma alteração de percurso, um desvio por Cabo Verde que nos reteve e nos fez perder o vôo de conexão para Natal, sem que ninguém se tenha responsabilizado por isso. Caso não tivéssemos ido à TAP com a antecedência com que eu tanto insistira, não tínhamos vôo de regresso marcado, o que originava termos que ficar em lista de espera sem culpa nenhuma, causando um imenso transtorno nas nossas vidas profissionais e não só. 

Segundo, conseguimos com grande esforço anteceder as passagens e quando cheguei o meu filho estava em repouso, com um esgotamento nervoso. Não quis dizer nada pelo telefone para não perturbar as minhas férias, mas ele precisava de mim e como! 

Eu sabia.

 

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